Socorro: tá todo mundo em casa!

De um dia para outro as crianças e os adolescentes não vão mais à escola; o pai ou a mãe está trabalhando em homeoffice, ou pior, algum deles pode ter perdido seu ganha-pão.  Há ainda o vovô, a tia, a sogra… que estão proibidos de sair de casa. Lembrando também que o cachorro, com quem fazíamos festa ao chegar em casa,  agora está o tempo todo em cima de nós querendo brincar.

Com todo mundo em casa há mais comida pra fazer, mais sujeira pra limpar, mais problemas pra pensar e talvez o mais difícil: além de conviver com os medos e as preocupações que a pandemia da COVID 19 traz, enfrentar o desafio de conviver “em relativa paz” com a família!

Talvez no começo as coisas não sejam assim tão complicadas: podemos encarar como férias fora de época: oportunidade para descansar, fugir da rotina, fazer planos. Porém, depois de alguns dias de confinamento, saturados da TV que só fala em pandemia, entediados de ver filmes ou séries, jogar online, interagir no Face, morar no ZAP… as coisas podem ficar um pouquinho mais complicadas.

E é nesse tipo de situação, totalmente inesperada e peculiar que precisamos desenvolver a serenidade e utilizar as reservas emocionais que temos, ou pensamos ter. É importante ter consciência de que não podemos resolver a situação, mas que atitudes pessoais podem ser decisivas para passarmos por ela com o menor prejuízo possível. Todos estamos no mesmo barco e sempre há algo que podemos fazer para melhorar as coisas. A primeira é exercer a empatia, pensar que se eu estou sofrendo, os outros também estão, cada um a seu modo. Todos perderam um pouco de seu espaço, de sua rotina, de seus prazeres. Se você adulto, está estressado, imagine seu filho jovem ou adolescente, em confinamento, sem ir para escola, sem encontrar amigos e até namorar? O seu cônjuge que, além de outras coisas, pode estar pensando se terá seu emprego quando tudo se normalizar? O seu familiar idoso, que já é limitado para tantas coisas, e agora perde até a liberdade de transitar? As crianças, com toda energia que possuem, sem nem mesmo descer para o play?

Além da enxurrada de sugestões de atividades que a mídia traz para este momento,  podemos ainda ser iluminados com boas ideias do que fazer, mas que podem exigir um pouco de cautela.  Não seria fantástico utilizar o tempo em casa para fazer umas arrumações, talvez uma faxina geral? Pode ser também que alguém pense que finalmente conseguirá colocar todo mundo na linha, estabelecer rotinas, dividir tarefas como nunca conseguiu antes. Talvez também possamos achar oportuno e necessário puxar as rédeas dos filhos, colocar limites que deixamos em outros tempos. Isso tudo parece muito bom, desde que não torne o isolamento mais pesado do que já é. Analise, antes de tudo,  se o estresse de virar a casa de pernas pro ar com todo mundo dentro vai compensar o resultado;  se vai conseguir manter as novas rotinas e os limites quando tudo voltar ao normal.

Por outro lado, conviver intensamente com o cônjuge nesse contexto também pode ser um desafio novo, pois é bem provável que vejamos os defeitos dele saltarem aos nossos olhos como nunca. Mas, será uma boa ideia tentar modificar em dias o que não conseguimos em anos? Vale lembrar que a pessoa que está ali é a mesma a quem você prometeu amar e respeitar na alegria e na tristeza, na saúde e na COVID, ops! se não prometeu, está na hora de prometer!

E o que fazer com nossos idosos, sempre rotulados como teimosos e muitas vezes tratados como crianças? Nesses tempos, temos visto muita chacota a respeito deles, mas ainda que o comportamento de alguns possa parecer infantil, eles não são crianças. São pessoas adultas, dotadas de experiência de vida e personalidade própria. Mais do que nunca eles precisam ser cuidados, com firmeza, se necessário, mas sem abrir mão do respeito e do carinho.

Por tudo isso, esse é o momento em que nossas relações familiares são colocadas à prova e a forma como construímos nossos vínculos pode ser decisiva para o bem ou para o mal. Se já tínhamos diálogo e respeito, é hora de acrescentar a isso a paciência e submissão da vontade própria ao interesse comum. Se precisamos melhorar as relações, é um excelente momento para chegar mais perto, aprender a ouvir, se abrir para o outro sem a pressão da rotina e da falta de tempo. E, por que não, aproveitar para aparar as nossas próprias arestas?

Sobretudo devemos pensar que além da vida eterna, nada é para sempre. Um dia, que esperamos seja logo, isso tudo terá passado. Certamente ficarão prejuízos, teremos que retomar e reconstruir muitas coisas, mas podemos ser mais do que sobreviventes se usarmos com nossa família um antídoto para qualquer crise: O AMOR! Só ele é capaz de nos dar a paciência, a lucidez e a serenidade que precisamos em dias tão difíceis. E o melhor: só ele é capaz de mandar o nosso medo embora!1

(1) I João 4:18

Por: ROMI CAMPOS SCHNEIDER DE AQUINO Psicóloga, Líder do Ministério de Mulheres da Região Sul. Casada com Luciano, mãe de Henrique e Davi, congrega na Igreja Adventista da Promessa de São José dos Pinhais, Paraná.

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